Cresce o consumo de substâncias químicas perigosamente associadas com a planta

No início de maio tem sido noticiado pelos grandes jornais o crescimento do consumo de um composto químico que atinge de modo muito agressivo o cérebro humano. São drogas sintéticas denominadas de “drogas K” (K2, K4 e K9) fabricadas em laboratório e que trazem em sua composição diversas substâncias derivadas de petróleo, solventes, entre outras. Baratos e de fácil acesso, o narcótico atinge os mesmos receptores do cérebro que a planta, mas de forma muito mais intensa. Por esse motivo as drogas k têm sido erroneamente chamadas de “maconha sintética”.

De acordo com o médico da Apepi, Tércio Sousa, o THC (tetrahidrocanabinol), um composto original da cannabis é agonista parcial de receptores CB1, assim como a anandamida, uma molécula (endocanabinoide) produzida em nosso organismo e que apresenta ação muito semelhante. “Essas substâncias sintéticas chamadas de K2, K9 são substâncias que foram sintetizadas em laboratório na década de 1990, e que estão sendo divulgadas de modo equivocado como ‘super maconha’. Essa substância se comporta como agonista total, estimulando o receptor CB1 ao máximo. Esse receptor, quando estimulado totalmente, altera fortemente as funções cognitivas e motoras e os usuários podem experimentar: ansiedade, agitação, náuseas, vômitos, hipertensão arterial, convulsões, alucinações, pânico, incapacidade de comunicação, paranoia, perda de consciência, etc”, explicou o médico.

Essa é a grande diferença entre a cannabis e essas substâncias químicas que estão sendo vendidas de modo equivocado como ‘super maconha’. Segundo Tércio, confundir o “SPICE” com a Cannabis e chamá-lo de maconha sintética é um erro! “Trabalhamos pela ‘limpeza de reputação’ dessa planta tão importante para o tratamento de milhares de pacientes e que ainda carrega uma carga muito grande de preconceito. Esse esclarecimento é importante para essa luta”, afirmou.

O médico ainda alerta: “essas substâncias não são maconha e não devem ser usadas de modo algum. Nem por curiosidade! São um risco para a saúde e até para a vida!”

As drogas K podem se apresentar de várias formas como em material vegetal para ser fumada, ou líquida para ser usada em cigarro eletrônico, ou papel, parecido com o LSD. Quando ela é borrifada em papel, é chamada de K2; quando aparece junto com tabaco, para o fumo, é conhecida como K4; e quando é borrifada em porções de outras drogas, que podem ser cocaína ou maconha, é chamada de K9. Elas representam um perigo muito maior do que aparentam e por esse motivo não devemos associar essas drogas com maconha.

Para dr. Tércio, o entorpecente não se trata de uma derivação da planta cannabis e tal associação desconsidera o potencial destrutivo das drogas K, que é cem vezes superior ao que vem sendo noticiado. “A Cannabis é uma planta cujo uso medicinal está revolucionando a medicina para o tratamento de diversas doenças crônicas, não devemos confundir as coisas”, afirmou.

Providências

As apreensões da droga também aumentaram nos presídios de SP, e só em 2022 foram 4.091 ocorrências, ante a 1.414 no ano anterior. Diante da escalada, a Secretaria da Administração Penitenciária do estado proibiu a entrada de papel sulfite e folhas impressas nas unidades, materiais que chegavam borrifados com o canabinóide aos detentos. A mudança também foi adotada pelo sistema carcerário do Rio de Janeiro e pelo governo federal, nos cinco presídios de segurança máxima do país. Desde o início do ano foram registrados 216 casos de intoxicação pela K9 na capital paulista, de acordo com a Secretaria de Saúde. O número já é o dobro do registrado em todo o ano de 2022, 98.

Com informações de:

Toxicologia Unicamp

Correio do Povo

Jornal O Globo

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