Assim como para a medicina genética, as histórias no universo canábico também vão se cruzando
Esse artigo é uma homenagem à HarleTsu – planta de cannabis rica em cababidiol (CBD)- ao seu criador Lawrence Ringo e ao Dr. Ricardo Ferreira pelo seu trabalho pioneiro e corajoso no Brasil
Por Guete Brito – Diretora da Apepi

A HarleTsu foi uma das primeiras sementes de cannabis, rica em canabidiol (CBD), que ficou bastante conhecida, em 2014, por ajudar Sofia, minha filha, e outros pacientes, que precisavam de CBD, no Brasil. Ela foi trazida dos EUA por um médico, especialista em dor, Dr. Ricardo Ferreira.
A HarleTsu é uma semente com bastante canabidiol e pouquÃssimo THC. Seu perfil genético faz muito sucesso para inúmeros pacientes que precisam de CBD. Esse quimiotipo foi criado por Lawrence Ringo, que morreu, em 2014, mesmo ano em que Sofia era beneficiada pela semente deixada por Ringo ao mundo.
Ao tentar resgatar a história da HarleTsu, conheci um pouco da trajetória do seu criador, que tinha duas paixões: rock n’roll e maconha.
Em 2010, Ringo fundou um coletivo de trocas de sementes e, por meio de testes, descobriu plantas com alto teor de CBD, como por exemplo: a “Sour Tsunami”, Canna-Tsu, Swiss-Tsu, a ACDC e a nossa estrela: a HarleTsu, uma cruza de duas genéticas: Harlequin e Tsunami.
Ringo era muito amado e respeitado na comunidade canábica por sua generosidade e dedicação à agricultura orgânica sustentável. Seu trabalho era fornecer medicamentos à base de CBD e apoiar pequenos agricultores.
Ricardo Ferreira, um jovem médico, aqui do RJ, especialista em dor, em 2010, já se dedicava ao estudo das aplicações medicinais da cannabis, mesmo quando seu uso ainda não era amplamente conhecido, como hoje. Frustrado pela falta de acesso a produtos à base de Cannabis para ajudar seus pacientes na clÃnica de dor, Ricardo começou a viajar para locais onde a Cannabis já era usada como tratamento para dor e outras patologias, como Holanda e EUA.
Durante a preparação para a Medical Cannabis Cup, em Los Angeles, Ricardo conheceu o “CBD Project†pela Internet, onde ele buscava saber sobre genéticas com alto teor de CBD. Nesse evento, ele conheceu Ringo e adquiriu as últimas 10 sementes com alto CBD. De volta ao Brasil, ele germinou, cultivou e fez extração, obtendo sucesso no tratamento de pacientes, incluindo Sofia, minha filha.
Em 2014, o advogado e ativista, Dr. Emilio Figueiredo (que conheci numa pós-graduação, na UFRJ, em 2011) me apresentou ao Ricardo Ferreira, foi quando nossas histórias canábicas se cruzaram: a minha, a do EmÃlio e do Ricardo, que foi parcialmente registrada pelo jornalista Tarso Araújo, idealizador do documentário “Ilegal, a vida não espera”, que bombou, em 2014, nas mÃdias.
Hoje, a tatataraneta daquela Harletsu é cultivada na APEPI e distribuÃda para alguns associados, daquela mesma semente trazida dos EUA e cultivada pelo Ricardo e repassada para vários outros cultivadores, incluindo o Pedro Zarur, que nunca deixou essa cepa morrer. Hoje, mesmo sendo uma genética antiga, é reconhecida por trazer alÃvio e esperança para aqueles que mais necessitam.
O legado de compaixão e perseverança dessas pessoas, continua a inspirar e transformar vidas, por isso deixamos a nossa homenagem póstuma ao Ringo, AO GRANDE COMPANHEIRO DE LUTA DR RICARDO FERREIRA e a todos aqueles que não deixaram a HarleTsu e outras tantas plantas morrerem com a proibição, essas plantas representam uma poderosa ferramenta para tratamentos mais humanos e eficazes.
Você conhecia essa história?