A perspectiva das associações e sua importância na construção de uma nova cultura que quebra tabus em relação à cannabis

No dia 13 de junho a APEPI participou do I CONGRESSO ESTADUAL DE DIREITO CÁNABICO – OAB-RJ. Margarete Brito, diretora da Associação, representou com uma palestra sobre associativismo, contando sobre o trabalho que vem sendo desenvolvido ao longo dos últimos 10 anos. Com mediação de Ladislau Porto, advogado e mediador, o debate contou ainda com a participação de Marilene Oliveira e Denise Fogel.

A perspectiva das associações e sua importância na construção de uma nova cultura que quebra tabus em relação à cannabis e o acesso aos benefícios da planta no Brasil foi o tema que norteou o debate abrindo o segundo dia de evento. Essa é uma luta iniciada por mães, pais e responsáveis por pacientes de doenças e síndromes graves. “Até então, essa luta era entendida como tráfico internacional de drogas no Brasil, algo que está evoluindo ao longo do tempo, embora ainda sejam poucas as associações que tenham a permissão de cultivar e manusear a planta em solo brasileiro. Todo esse debate que hoje estamos levantando aqui na OAB-RJ não existiria se não fosse pelo trabalho das associações”, afirmou Ladislau.

Marilene Oliveira, diretora da Abrario, disse que começou esse trabalho após verificar a mudança na vida do seu filho Lucas quando deu início ao tratamento com maconha. “Ele utilizava vários anticonvulsivantes durante anos, pois tinha entre 50 a 60 crises de convulsão por dia, vivendo entre idas e vindas do Hospital, até que em 2014 ela descobriu o tratamento que custava cerca de R$ 5 mil naquela época para comprar um óleo importado e que exigia receita sem que houvessem médicos para prescrever”, contou ela. Marilene, que vivia de um salário-mínimo, disse que entrou em contato com outras mães que já estavam se organizando para pedir socorro pela vida do filho. “Hoje o Lucas faz uso apenas da maconha, consegue caminhar, falar e me reconhece, anda de bicicleta e está livre das drogas que ele usou durante anos”, afirmou a diretora de Abrario.

Denise Forgel, da Associação Acolher Macaé, mãe de uma menina que nasceu com microcefalia e diagnosticada em 2017 com epilepsia refratária também estava presente. “Após 3 meses de uso do CBD a condição dela estabilizou com melhora na coordenação motora e contato visual que antes não havia. Fui criada na igreja e aprendei que maconha era droga, mas em 2016 aconteceu a liberação para uma mãe ter o direito de importação dos medicamentos. Então descobri a existência do sistema endocanabinoide que revolucionou a minha visão sobre a planta e seu uso medicinal”, contou.

Margarete Brito apresentou os principais pontos da história da APEPI nesses 10 anos. Em sua participação ela comentou que “para a Sofia, a maconha não foi esse pequeno milagre como foi para outras crianças, não foi uma melhora revolucionária em seu quadro clínico, mas não consigo imaginar minha filha sem fazer uso dos nossos óleos medicinais que foram responsáveis pela redução drástica das convulsões que ela tinha”. Guete ressaltou que hoje a APEPI atende cerca de 13 mil pessoas por mês e reúne cerca de 7 mil associados. “Enquanto associação estamos procurando nos fortalecer, amadurecer nossa atuação, se organizar coletivamente para continuar o protagonismo desse caminho que não tem volta”, afirmou.

O evento aconteceu entre os dias 12 e 13 de junho com transmissão ao vivo no canal da OAB Rio no youtube.

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